O cachorro e o
cavalo eram os animais mais próximos à casa do fazendeiro. O cachorro, como
sempre, o melhor amigo do dono. O cavalo também era querido, mas a seu modo e
natureza.
Com o passar do
tempo, no entanto, o cavalo sentiu uma pontinha de ciúme. O cachorro ganhava
mais carinho, mais comida e brincadeiras. O cavalo, por sua vez, só era
procurado para a monta e transporte, e de sobra, levava alguns golpes de
chicote no lombo. Tomou coragem, e, aproveitando um momento de descontração,
chegou ao cachorro e perguntou:
- “Diga-me, se
puder, o que é que você faz para ser mais querido que eu por nosso dono?”
O cachorro, humilde
e companheiro como era, discordou da visão do cavalo. Porém, diante de tanta
insistência, revelou o que pensava ser o seu segredo.
- “É muito simples”
– disse o cão. “Quando o dono chega a casa, eu pulo sobre ele e o cubro com
minhas lambidas”.
O cavalo gostou de
conhecer o segredo canino, e no mesmo dia, sem cerimônia, quando o fazendeiro
chegou de uma ida à cidade, disparou num galope em sua direção, saltou sobre
ele e começou a lambê-lo com toda dedicação.
O fazendeiro,
atônito, achou que o cavalo tivesse enlouquecido. Reagiu de pronto, pegou seu
chicote e enquadrou-o.
Na manhã seguinte,
quando o cavalo encontrou o cachorro, pôs-se a reclamar:
- “Que negócio é
esse. Você é meu amigo ou ‘amigo da onça’? Eu mal saltei sobre nosso dono e
comecei a lambê-lo, e ele pegou seu chicote e me surrou como nunca! Apanhei
tanto que nem consegui deitar-me direito. Meu corpo todo dói”.
Ao que o cachorro
lhe respondeu:
- “Querido amigo,
eu fiz o que pude. Mas ouça uma lição que eu me demorei muito a aprender. Nesta
vida, fazer não é tudo. A verdadeira diferença está em saber fazer”.
Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 17/09/2012, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.
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